Hoje é o dia do meu aniversário, mas não é por isso que a vida parou... Entrando no Portal do PSTU hoje a noite poucos momentos antes de ir para o 3º Ato das comemorações de aniversário mais impessoais que eu já tive, uma das poucas notícias novas era exatamente "Israel promove pior massacre na Faixa de Gaza em 40 anos".
Nesse post, vai logo abaixo algumas poesias que está no Especial sobre a Intifada Palestina no mesmo portal.
CARTEIRA DE IDENTIDADE
Mahmud Darwish
Registra-me
Sou árabe
O número de minha identidade é cinqüenta mil
Tenho oito filhos
E o nono...
virá logo depois do verão
Vais te irritar por acaso?
Registra-me
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco das pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?
Registra-me
Sou árabe
Meu nome é muito comum
E sou paciente
Em meu pais que ferve de cólera
Minhas raízes...
Fixadas antes do nascimento dos tempos
Antes da eclosão dos séculos
Antes dos ciprestes e oliveiras
Antes do crescimento vegetal
Meu pai...da família do arado
E não de família de senhores
E meu avô era camponês sem árvore genealógica
Minha casa
Um barraco
De canas e ramagens
Satisfeito com minha condição
Meu nome é muito comum
Registra-me
Sou árabe
Cabelos... negros
Olhos... castanhos
Sinais particulares
Uma hatta * e uma faixa na cabeça
As palmas ásperas como rochas
Arranharam as mãos que estreitam
E gosto do azeite de oliva e o tomilho
Meu endereço
Sou de um povo perdido... esquecido
De ruas sem nome
E todos os seus homens estão no campo e na pedreira
Vais te irritar por acaso?
Registra-me
Sou árabe
Tu me despojaste dos vinhedos de meu antepassados;
E da terra que cultivava
Com meus filhos
E não nos deixaste
Nem a nossos descendentes
Mais que estes seixos
Que nosso governo tomará também
Como se diz
Vamos!
Escreve
Bem no alto da primeira página
Que eu não odeio os homens
Que não agrido ninguém
Mas... se me esfomeiam
Como a carne de quem me despoja
E cuida-te
De minha fome
E minha cólera
Mahmud Darwish
De Folha de Oliveira.
ESPERANÇA
Mahmud Darwish
Enquanto em vossos pratos haja um pouco de mel
Espantem as moscas dos pratos
A fim de consevrar o mel
Enquanto haja cachos de uva nos vinhedos
Expulsem as raposas
Ó guardiães de vinhedos
A fim de que amadureça a uva
Enquanto fique em suas casas
Uma toalha... e uma porta
Protejam do vento os pequenos
A fim de que os filhos durmam
Vento... frio... fechem as portas
Enquanto em suas artérias haja sangue
Não o dilapidem
Pois em vocês há recém-nascidos...
Enquanto haja fogo na lareira
E café... e uma braçada de lenha.
Poemas de Mahmud Darwish
Um comentário:
Estão aproveitando o final do governo de Bush, embora o Obama não dê nenhum sinal de que deixará de apoiar politica e militarmente Israel; pelo contrário...
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