marcadas em minha alma feito cicatrizes,
de todos os crimes da ditadura
um me dói de forma especial.
Não é a multidão de mortos
com seus corpos dilacerados.
Não são os ossos perdidos
que buscam por seus nomes.
Não é o tiro
o choque
o murro.
É o poema que não foi feito,
a música inacabada,
aquela melodia presa na mente
soterrada pelo medo.
Os dedos inúteis longe das cordas,
o acorde que nunca foi desperto,
os olhos secos das lágrimas justas,
a voz calada.
Que requinte mas perverso de crueldade:
matar alguém e deixar seu corpo vivo
como testemunha da morte inacabada.
Mauro Iasi
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